O estômago dos cavalos possui características únicas que influenciam a prevalência de úlceras gástricas, especialmente em cavalos atletas. A anatomia gástrica equina é marcada por um estômago relativamente pequeno, com capacidade entre 5 e 15 litros, dividido em duas regiões principais: uma área aglandular e uma glandular. A transição entre essas áreas é demarcada pela margem pregueada (margo plicatus), onde a mucosa aglandular não possui as mesmas defesas contra o ácido que a mucosa glandular.
A secreção contínua de ácido clorídrico, estimulada pela histamina e gastrina, resulta em um pH variando entre 2 e 7 dentro do estômago, tornando a mucosa não glandular suscetível a úlceras. As úlceras gástricas são uma preocupação significativa em cavalos.
A síndrome de úlcera gástrica equina se divide em duas categorias:
- Doença Gástrica Escamosa Equina: Afeta a mucosa escamosa não glandular, onde a exposição ao ácido é mais direta. Fatores como dieta concentrada, exercício intenso e pressão intra-abdominal elevada contribuem para o desenvolvimento dessa condição.
- Doença Gástrica Glandular Equina: Afeta a mucosa glandular, geralmente devido à falhas nos mecanismos de defesa da mucosa. A presença de Helicobacter pylori e o uso de anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) podem desempenhar papéis nessa forma de úlcera.
Cavalos atletas, especialmente aqueles em treinamento intenso ou competição, são altamente suscetíveis a úlceras gástricas. Estudos mostram que a prevalência de EGUS varia conforme o nível de treinamento e a raça. Por exemplo, até 90% dos cavalos de corrida apresentam úlceras gástricas, e essas lesões podem causar uma série de problemas, incluindo perda de apetite, condição corporal ruim e desempenho atlético reduzido.
A principal causa da alta prevalência de úlceras gástricas em cavalos atletas é a mudança nas condições de manejo, como a substituição do pastoreio natural por estabulação e dieta concentrada. O exercício intenso eleva a pressão intra-abdominal, empurrando o conteúdo gástrico ácido para áreas vulneráveis.
A endoscopia é o método mais eficaz para confirmar o diagnóstico. O tratamento envolve a supressão da produção de ácido com medicamentos como omeprazol, que tem se mostrado eficaz na cicatrização das úlceras e na melhoria do desempenho atlético. Outras abordagens terapêuticas incluem antiácidos, antagonistas H2 e sucralfato.
A prevenção das úlceras gástricas em cavalos atletas é fundamental para manter a saúde e o desempenho dos animais. Aqui estão algumas estratégias eficazes:
- Dieta Equilibrada: Fornecer uma dieta rica em fibra, com feno de alta qualidade, pode ajudar a manter a produção contínua de saliva, que neutraliza o ácido gástrico. Reduzir a quantidade de concentrado e oferecer pequenas porções ao longo do dia ajuda a minimizar a produção excessiva de ácido, até mesmo a utilização de suplementos especificos para diminuir o pH gástrico.
- Acesso a Pastagem: Sempre que possível, permitir que os cavalos tenham acesso contínuo à pastagem pode ajudar a reduzir a frequência e a intensidade da secreção ácida.
- Gestão de Estresse: Reduzir o estresse relacionado ao treinamento e ao manejo pode diminuir a incidência de úlceras gástricas. Técnicas de manejo, como a rotina regular e a socialização com outros cavalos, podem ajudar.
- Acompanhamento Regular: Monitorar regularmente a condição do cavalo e realizar exames veterinários pode ajudar a detectar problemas antes que se tornem graves.
Ficando atento aos sinais, e praticando algumas das técnicas de prevenção, o criador pode melhorar a qualidade da criação de equinos, evitando possíveis prejuizos futuros, e manter um bem-estar ao animal!
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Autor
M.V Gustavo de Sena – CRMV PR – 25484
Referência:
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